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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

49º morte de surfista preso em rede de pesca no litoral do Rio Grande do Sul


Um velho inimigo dos surfistas gaúchos voltou a fazer vítimas no Litoral Norte. O estudante de Administração de Empresas Thiago Rufatto, 18 anos, morreu afogado em Capão da Canoa, na tarde de segunda-feira, quando sua prancha enredou-se numa rede de pesca. Ele foi socorrido, mas morreu a caminho do Hospital Santa Luzia.

Filho mais novo do professor universitário Osmar Rufatto, Thiago, morador de Canoas, e três amigos surfavam quando depararam com um cabo de pesca. Todos superaram o obstáculo, menos Thiago.

— O meu filho ficou preso à corda — conta Rufatto, reproduzindo o que ouviu dos amigos do filho.

Naquele momento, o rapaz, desesperado, começou a lutar pela vida.

— Os amigos contam que Thiago afundava e voltava à superfície. Fez isso algumas vezes, até que não voltou mais — diz o homem de 58 anos, que sepultou o caçula às 17h de ontem, no Cemitério São Vicente, em Canoas.

Sem conseguir socorrer Thiago, os amigos saíram da água e reuniram uma pequena multidão para puxar a rede. Quando a corda que sustenta o artefato foi retirada, Thiago não estava preso à malha. Seu corpo foi encontrado boiando, por volta das 19h, num intervalo de tempo em que amigos e familiares estimam em 30 minutos.

Estudante do terceiro semestre de Administração na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Thiago era apaixonado por surfe e pela língua inglesa. No ano passado, ele uniu o útil ao agradável: passou seis meses aperfeiçoando o idioma em San Diego, na Califórnia, costa oeste dos EUA.

— Era uma pessoa muito amada por todos os nossos amigos. Ele unia todos os elos do grupo, era o centro dos amigos. Perdemos um guerreiro de fé, mas ganhamos um anjo — conta Vitor Leiria de Vasconcellos, 19 anos.

— É uma perda que não tem como explicar — complementa Luiza, sua única irmã.

Segundo Vitor, ele, Thiago e outros dois amigos entraram no mar próximo ao centro de Capão. Como a corrente estava em direção ao Norte, o acidente ocorreu nas imediações da praia de Araçá, ainda nos limites de Capão. Estudante de Arquitetura, Vitor acredita que o local onde Thiago morreu não seja destinado à pesca.

— A gente já surfou em várias praias do nosso Litoral e sempre respeitou locais com sinalização, mesmo quando as placas são ridículas de tão pequenas. Ontem (segunda-feira), se tinha placa de pesca, ninguém viu. Tenho quase certeza de que não era local de pesca — diz Vitor.

As circunstâncias da morte devem ser apuradas pela Delegacia da Polícia Civil de Capão da Canoa.

Texto de: Carlos Etchichury
Via: ZeroHora

Onde isso vai parar. Já são 49 famílias decepadas por essa tragédia. Chegaremos a 50. Erga a bandeira "Não ao 50º"





Mais posts sobre o Thiago Rufatto e outros casos das redes no site uponboard.com, clique aqui para acessar...

Um comentário:

  1. Site oficial da causa:
    http://www.surfsegurors.blogspot.com/

    Com mais uma morte de um surfista por redes de pesca no litoral gaúcho, a 49ª desde 1986, o projeto que delimita as áreas de pesca e esportes náuticos nas praias do Rio Grande do Sul recomeçou sua trajetória pelos corredores da Assembleia Legislativa.

    Na última segunda-feira, um estudante de 18 anos morreu após se enroscar em redes de pesca em Capão da Canoa. Segundo a Brigada Militar, Tiago Rufatto surfava na área destinada à pesca, mas o local não estava sinalizado.

    Segundo Vírgílio Mattos, da Federação Gaúcha de Surf (FGSurf), as praias do Rio Grande do Sul são as únicas a registrar este tipo de morte em todo o mundo.

    Desde 2008 tramita na Assembleia um Projeto de Lei (PL) que pretende estender os atuais 400 metros de área destinada aos esportes náuticos para 2,1 quilômetros. O PL ainda trata da criação de áreas de escape de 500 metros, entre os pescadores e surfistas, para evitar invasão de ambos em áreas contrárias às suas destinações.

    O projeto, apresentado pelo deputado suplente Sandro Boka (PMDB), está baseado em um estudo realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que calculou a velocidade média da maré nas praias gaúchas. Devido à geografia do litoral gaúcho, caracterizado pela ausência de baías, as correntezas levam um banhista a percorrer dois quilômetros e meio em apenas 18 minutos.

    No entanto, apesar ter sido aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, o PL não foi colocado na ordem de votação durante todo ano de 2009. Uma audiência pública entre surfistas e pescadores ocorreu no mesmo ano. Ainda assim, com a saída do deputado suplente em abril deste ano e sem ter sido levado à votação, o projeto acabou arquivado.

    Na última quarta-feira, depois do registro da morte de Tiago Rufatto, o projeto foi reapresentado pelo deputado Záchia (PMDB). O PL deverá passar pela CCJ novamente e só depois poderá entrar na pauta de votação.

    Se aprovado, as guaritas de salva-vidas poderão ser utilizadas para a sinalização das áreas. As cores seriam o verde, para o surfe, o amarelo, para áreas de escape, e o vermelho para os espaços destinados à pesca.

    Outra novidade pode ser a obrigatoriedade de um manual para a prancha de surfe, que seria disponibilizado no ato de compra do material. Segundo Sandro Boka, autor do projeto, o manual seria semelhante aos que acompanham quaisquer outros produtos, como carros e eletrodomésticos. “A prancha teria seu manual com informações de como utilizá-la, dicas de surfe e primeiros socorros, além de informações sobre os locais apropriados para a prática do esporte e orientações de como lidar em situações de perigo, como uma rede de pesca.”

    Site oficial da causa:
    http://www.surfsegurors.blogspot.com/

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