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sábado, 7 de maio de 2011

Tudo vale à pena quando a alma não é pequena

 

“Tudo vale à pena quando a alma não é pequena, Quem quer passar alem do Bojador tem de passar alem da dor”. Fernando pessoa

Esse poema me faz refletir muito sobre esse momento que estou passando. A alma humana pode ser medida e colocar no patamar inferior ou superior quem lhe apraz. Almas pequenas podem minar grandes sonhos e grandes realizações e não fazer nada valer a pena. E a dor que temos de sentir para passar o Bojador, o limite do atingível que todos nós tememos, por ser desafiador e trazer incertezas, dores, perdas e frustrações.

Quantas almas pequenas e quanta dor ainda vêm por ai? Muita me creio e não desanimar é às vezes uma tarefa impossível de ser realizada. Estou escrevendo isso, pois não sei se todos sabem, mas fui preso no ano de 2005, acusado de aliciar pessoas para o trafico, fui solto no mesmo ano, NÂO TENHO CONDENAÇÂO na justiça e apesar disso e de minha vida seguir em frente a todo instante almas pequenas me fustigam e me fazer sentir pelo seu preconceito a dor.

Há uns meses atrás nosso projeto foi selecionado pelo site Catarse para estar na sua pagina de captação de recursos, menos de 48 horas depois de entrar no ar um comentário “só esqueceram de dizer que ele foi preso, não que não possa ter se recuperado....” e os administradores me ligaram e pedi que o projeto fosse retirado do site por não querer causar transtornos para eles. Depois o site Foco surf começou a fazer o diário da nossa expedição alguém foi lá e postou vários comentários, que sou hipócrita, traficante, que bato em mulher, que levo cocaína em pranchas e por ai vai.

E finalmente no dia de hoje um shaper que apóia a nossa expedição e vai conosco no trajeto me disse que a rede Record e a RBS haviam se interessado em fazer matéria conosco sobre nossa aventura, mas ao lerem o diário do Foco Surf e verem os comentários desistiram da pauta. E eu me pego pesando ate quando, vou se julgado, acusado, ofendido e humilhado por pessoas que não tem a decência de entender que errar faz parte da natureza humana, que todos podem errar e quando tem oportunidade de acertar e acertam devem ser no mínimo respeitados.

Entrei na UNB com 16 anos de idade, me formei com 21, fiz o curso de mergulho autônomo e dependente na Marinha do Brasil, tenho mestrado em Engenharia Ambiental, realizei mais de 30 campeonatos de surf e já trabalhei neles em todas as funções, já fiz diversos eventos diferenciados entre eles o 1º campeonato de ondas grandes da historia da ABRASP, treinamento da equipe catarinense de surf amador, escrevi para a hardcore e o site câmera surf, e fiz MESTRADO na UFSC em engenharia ambiental com o titulo “O surfista como ator no processo de construção da sustentabilidade – uma proposta participativa”. Tenho vários projetos desenvolvidos e apesar disso insistem em dizer que sou traficante.

Só para esclarecer faço essa expedição com recursos oriundos da minha criação de peixes que tenho em casa em Brasília, antes de viajar fiz uma despesca que custeou a minha viagem. Traficantes não vendem peixes, vendem drogas, não se preocupam em remar ou fazer esportes, se preocupam com seus negócios escusos, um desafio desse nível da nossa expedição é como correr quatro maratonas e um traficante não consegue correr 10 minutos na pelada do bairro. E para finalizar eu fui preso e daí?? A Dilma também foi. Errar é humano e perdoar é ser divino, ate quando uma pessoa terá de ser apedrejada por outras que também tem vários defeitos, pois também são humanas?

Concluindo quero dizer que quando decidi fazer essa expedição não me preocupei em estar na mídia, pois para mim o sup é totalmente anti-ego. Remo em Brasília sozinho e não busco ser visto ou conhecido. Há um ano eu retirei um tumor maligno do meu rim e estava de cama três meses seguidos, com 48 anos de idade imaginando se algum dia ia conseguir ter um ritmo de atividade física ao menos próximo do que já tive. Hoje em dia remo 6 horas por dia e poderia remar mais, não quero mídia, não quero dinheiro, não quero egos, eu remo para me afastar dessas almas pequenas, da dor, passar por cima de todo preconceito, de toda ofensa. Cada remada faz minha prancha deslizar por cima de toda essa hipocrisia e cada avanço deixa para traz esse preconceito e nessa volta a Ilha eu vou deixar tudo de ruim para traz, toda alma pequena, toda hipocrisia, toda inveja, todo preconceito e depois só haverá mar...

OBRIGADO SENHOR – ONDE EXISTE DEUS NÃO EXISTE O IMPOSSIVEL...

Autor: Marco Antônio Gorayeb

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